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quarta-feira, 7 de março de 2012

Carnaval Cidade Mãe: mistura de profanação e religião

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O carnaval além de profano é laico. Entretanto, para que exista essência carnavalesca é preciso que não se misture profanação com religião. Sabe-se que historicamente a chave da cidade é entregue ao Rei Momo para que a governe nesse período que deverá ser de alegria desabrida, sem repressão e censura, da liberdade críticas e eróticas.

O fato é que no Carnaval de Barreiras dos últimos anos a atual prefeita está cometendo a aberração de transgredir a tradicional escolha da corte momesca e a entrega da chave da cidade.  Portanto, o Rei Momo perdeu o reinado da folia para um grupo de “pastores” de igrejas evangélicas e é, justamente nesse ponto, onde surgem criticas sobre a conduta desses religiosos que se submetem participar de festança onde, tradicionalmente, não se misturam mandamentos bíblicos com rituais profanos.

O carnaval além de profano é laico. Entretanto, para que exista essência carnavalesca é preciso que não se misture profanação com religião

Diz o ditado que quem conta um conto lhe aumenta um ponto.  Em Barreiras não se aumenta e sim, diminui quando se apagam tradições culturais e históricas que há séculos fazem parte das crenças populares. É como dizem os estudiosos em história da cultura brasileira, crença, tradição e costumes populares não se reinventam e sim se criam, nascem em conformidade com cada época.

O carnaval além de profano é laico e para que exista a essência carnavalesca é preciso que não se misture profanação e religião. Fato que, nos últimos anos não vem acontecendo porque a atual prefeita pessoalmente resolveu mudar a tradicional escolha da corte momesca e a entrega da chave da cidade. Como aconteceu nesse carnaval e nos três anteriores, o Rei Momo perdeu o reinado da folia carnavalesca para um grupo de “pastores” de igrejas evangélicas, esses que com certeza não pertencem a nenhuma das tradicionais e sérias porque jamais se envolveriam com qualquer tipo de profanação. Assim, como muitos católicos, eles orientam a seus irmãos saírem em retiros espirituais.

Vale ressaltar que, em pleno século XXI, parece que estamos nos remetemos ao tempo da ditadura, pois nesse carnaval de 2012, o Rei Momo foi definido por um decreto da prefeita e a rainha e as princesas foram escolhidas a dedo por determinação da mesma.

O carnaval é uma festa secular, profana, não sagrada e como o próprio Aurélio diz: consiste em festejos populares e em manifestações sincréticas oriundas de ritos e costumes pagãos, como as festas dionisíacas, as saturnais, as lupercais, e se caracterizava pela alegria desabrida, pela eliminação da repressão e da censura, pela liberdade de atitudes críticas e eróticas.

É nesse ponto onde surgem variadas críticas a conduta de certos evangélicos que se submetem a esse tipo de ritual profano onde não podem misturar mandamentos bíblicos com evento que não são considerados sagrados, e o carnaval é um exemplo. Portanto, hipócritas são aqueles quem desvirtuam a tradição centenária do carnaval com intuito apenas de usufruto políticos e, hereges são os que apoiam tal aberração.

O fato causou constrangimento e indignação até mesmo no meio evangélico, tendo em vista que em outros tempos a escolha da Rainha e do Rei Momo era feita de maneira democrática e com a participação popular onde cada candidato e candidata se inscreviam para concorrerem os lugares na corte momesca. A população ficava na torcida e o corpo de jurados fazia a escolha dos candidatos conforme a sua desenvoltura na passarela. A festa geralmente acontecia num lugar onde o público pudesse participar e com toda a pompa, colorido e alegria que pede o carnaval. 

Ficam os formadores de opinião a se perguntar: que carnaval é esse onde a gestora diz apoiar a Cultural e por outro lado aniquila uma das últimas tradições culturais que vem sobrevivendo gerações e gerações? Será que ela não sabe que quem faz a folia é o povo com suas crenças, seus costumes, tanto que esse foi o único fomento do Carnaval Cultural desse ano ter sido destaque, além dos blocos tradicionais, porque até mesmo a ornamentação do Centro Histórico, a prefeitura deixou muito a desejar. 

Mas, o que é vergonhoso nisso tudo, são as pessoas que se dizem protetora da cultura barreirense, caladas e omissas e, até envolvidas nessa tramoia contra a crença, a tradição e os costumes do povo de Barreiras.

E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?... 


Esse trecho do poema de Carlos Drommond de Andrade relata o momento pós carnaval que ora estamos. Mais uma vez experimentamos a política do Pão e Circo para esquecermos mesmo que temporariamente as mazelas criadas e mantidas pela atual administração municipal, pois, a realização do carnaval só trouxe transtornos e prejuízos, evidenciando ainda mais a fragilidade da governabilidade municipal devido à carência de obras estruturantes na cidade.

Os Blocos Tradicionais, foram por si só, sucesso desse Carnaval de Barreiras 2012

O que ficou após a Folia, considerada pela maioria que esteve presente como uma das piores de todos os tempos, foram muitos prejuízos, principalmente para os comerciantes que ficam entorno do circuito.

Odor insuportável

Nesse carnaval a alegria momesca não reinou, principalmente para os donos de lojas e moradores das ruas adjacentes ao circuito. Na manhã da quarta-feira de cinzas(22) era insuportável o odor de urina. Até mesmo as pessoas que estavam nos camarotes, ficaram incomodadas com a fedentina.

Os banheiros químicos, além de poucos, eram maus distribuídos e não eram limpos - Foto: Barreiras Notícia

Para o vendedor Normando das Oliveiras o problema foi devido os poucos banheiros disponíveis, além de sua distribuição malfeita no decorrer do circuito e da sujeira e do fedor que às vezes era impossível de entrar. “Tá todo mundo bebendo e dançando, quando de repente o xixi aperta e a gente sai às pressas e para encontrar um banheiro era difícil e quando abre a porta, não tem jeito, o cheiro é forte demais e o único jeito era fazer mesmo na rua, no meio dos carros ou nas paredes das lojas”, justificou Normando.

Outro grande problema gerado com a falta de planejamento do carnaval, tanto para transeuntes e motoristas foi à confusão causada no trânsito, mesmo a prefeitura fazendo interrupção de algumas ruas e desvios alternativos. Para seu José Carlos Araújo, o trânsito se transformou num verdadeiro caos.

Barreiras já não suporta o fluxo de veículos que trafega pelas suas ruas, e num período como o Carnaval a situação é pior ainda, devido à mudança do trafego e o aumento da frota, por conta dos turistas que vêm para a cidade. É um verdadeiro inferno”, comentou Araújo.

Assim, vimos a realização de um carnaval mal planejado, feito às pressas e que custou cerca de R$ 3 milhões do erário da municipalidade apenas para causar transtornos e evidências de prejuízos a uma cidade moribunda devido a péssima qualidade de seus serviços públicos e da carência de obras estruturantes que deveria ofertar uma melhor qualidade de vida a população.

Barraqueiros insatisfeitos 

Muita gente pretendia aproveitar a folia momesca para ampliar sua renda familiar. Entretanto, para os barraqueiros a edição deste ano foi a pior de todas, tiveram uma diminuição de ganhos exorbitantes devido a uma série de fatores, entre eles a falta de organização, as atrações musicais de poucas popularidades e o descrédito da atual gestão. Exemplo disso foram os pequenos negociantes que trabalham no mercado informal comercializando espetinho, caldo, bebidas e donos de barracas instaladas no circuito que tiveram prejuízos e muitos deles irritados culpam a atual gestão por não ter feito um melhor planejamento e muito menos investimento para que a festa fosse pelo menos igual a do ano passado.


Na opinião do comerciante Luciano Santos, que montou barraca no período carnavalesco nos últimos 10 anos em Barreiras, esse ano foi o pior de todos em relação ao volume de vendas.

O ano passado foi muito melhor do que esse. Nunca registrei um ganho tão pequeno e, olhe que há uma década que participo do carnaval de Barreiras”, compara insatisfeito Luciano.

Insatisfeita também ficou a comerciante Maria José de Andrade, que em sua opinião esse foi o primeiro carnaval que não gerou um bom volume de vendas de bebidas para nenhum dos barraqueiros.

Primeiro pelas atrações que não atraíram o público esperado e depois pelos ambulantes que comercializaram suas bebidas com um preço bem menor. Pagamos uma taxa entorno de 600 reais pela barraca, por isso não podíamos reduzir o valor das bebidas, enquanto que o pessoal do isopor circulava livremente e vendia até três cervejas por cinco reais”, reclama Maria José.

Os prejuízos também foram enormes e atingiram os comerciantes que haviam adquirido objetos próprios do período carnavalesco como perucas, bonés, brinquedos. Para um dos vendedores do ramo, Geraldo da Silva, as vendas não superaram o volume de 2011 pelos mesmos motivos dos reclames dos demais. “Estamos conscientes disso, porque se a festa não atrair público gente já deixa de lucrar”, enfatiza Geraldo.

Outra situação que ofuscou o carnaval de Barreiras foi à estrutura realizada pela empresa que pelo quarto ano consecutivo teve o privilégio de montar as barracas. Muito dos comerciantes reclamaram porque seus locais sequer tinham fundos e por isso gastaram acima do esperado devido o improviso que tiveram que fazer. “Quem descia para a parte principal do circuito, o panorama parecia mais com aquelas barracas dos acampamentos do MST, com lonas sujas e rasgadas”, criticou Jenilson, um folião morador do Jardim Ouro Branco.

Por Ana Cedro
Da Redação

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